PsicodiafanógenosEsforços experimentais fúteis na tentativa de contornar o Princípio da Incerteza |
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"Life is what happens while you're busy making other plans." John Lennon | ||
quinta-feira, maio 19, 2005
Reflexos e reflexões NA AURORA do meu maior sucesso, sinto-me muito estranho. Para começar, doente. Mas não doente do tipo "gripado", ou mesmo "com pneumonia". A doença é de caráter não-identificado. Os sintomas são repentinos e altamente desagradáveis. Estou deitado, cabeça no travesseiro, e no momento seguinte o mundo inteiro está girando. Fecho os olhos, tentando combater a sensação. Penso, "estou parado". Não adianta. Abro os olhos, tento fixar a visão em algum ponto no teto, eliminar a ilusão de movimento. Não adianta. Se ergo a cabeça, pouco que seja, para beber água, a tontura se torna quase insuportável. De novo, tento combatê-la racionalmente, ignorá-la, me concentrar, lutar contra ela, na esperança de que ela desista e me deixe. Não funciona. Enquanto combato a tontura, percebo que minha respiração está ofegante. Quando me dou conta, tenho a sensação de que o ar parece querer fugir de mim, daí a resposta automática do meu corpo. Noto que minha testa está ensopada de suor. Frio. Ao mesmo tempo, sinto calor. Preciso de vento. Isso dura por 20 minutos, talvez 30, e então pára. Ontem, só parou quando eu consegui dormir. Da primeira vez que aconteceu, foi bem rápido. Em questão de segundos, eu já estava recuperado -- como um pesadelo do qual logo se acorda. Da segunda, eu tive medo. Pus a casa inteira em estado de alerta. Todos me intimaram a ir ao médico; eu, teimoso como uma mula, recusei, desconversei. Ontem, justo quando achei que nunca mais ia acontecer, o pesadelo voltou. Tentei não apavorar a todos, como acontecera da outra vez. Mas temi que desta vez não fosse mais acordar. Amanhã eu vou ao médico. Como disse, estou doente. Só não sei o que é. Não consigo evitar o pensamento de que talvez esteja aí a razão para toda a minha energia profissional. Sempre procurei me envolver em oitocentos projetos ao mesmo tempo, e, diante da impossibilidade de dedicar minha atenção a mil e duzentos, fiz algumas escolhas. Muitas delas são rotineiramente criticadas pelas pessoas à minha volta. "Você não teme pelo futuro?", elas perguntam. E eu agora penso: E se não houver futuro? E se minha energia fosse só o reflexo da pressa? E se as minhas escolhas foram as mais acertadas, por que de algum modo eu sabia que não teria muito tempo para fazer o que eu tinha de fazer? Mesmo me sentindo mal, eu continuo trabalhando em oitocentas coisas ao mesmo tempo. A sensação é o imperativo de que "tenho de terminar". Por que a pressa? Talvez haja um motivo. Ou talvez eu seja só uma criatura melodramática, como muitas pessoas já me disseram antes. Pessimista? Não. Temeroso? Talvez. Deprimido? Quem sabe? Só sei que sempre tive a determinação de deixar a minha marca. De não permitir que a minha vida fosse em vão. Espero ter tempo suficiente para fazer isso. Até amanhã.
Pitacos:
Acho melhor vc ter tempo...uns 30 anos pelo menos, senão eu mesma te mato!
Concordo com o "teimoso como uma mula" fora isso vc esta ótimo.
Já senti isso uma vez, e fio diagnosticado como Síndrome do Pânico". Fiquei ótima poucos meses depois... Mas precisei de terapia. Cuide-se!
Caro, também associei os sintomas à "Síndrome do Pânico". Talvez devesse pesquisar mais sobre o assunto. Abraço, Daniel.
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