Psicodiafanógenos

Muito cansado

DIZER que eu estou cansado é um eufemismo. Estou realmente sobrecarregado. E mentalmente fatigado. Incapaz de pensar com clareza. De desempenhar adequadamente minhas obrigações. Se eu estivesse no exército, diriam que eu preciso de uma licença, algum R&R. Mas eu não estou no exército. Só o esquema de patentes é parecido. E o pior é que no topo não está o Marechal, mas sim "Deus". Sim, "Deus". Pode acreditar? Infiel!

Atendendo a pedidos

SÓ porque não insisto nisso aqui todos os dias tem gente que acha que eu parei de olhar. Mas não. O livro esteve em quarto lugar até domingo. Segunda caiu para quinto. Depois para sétimo. Agora está em décimo segundo. Descendo a ladeira.

A boa notícia é que voltei a acreditar neste índice.

Recomendações

O último post do Idéias Antigas está impagável. Clássico. E tem blog novo no pedaço: O Malho, do meu amigo Leandro. Vale a visita.

Tudo isso para dizer que eu mesmo não vou escrever nada de bom hoje.

Está comprovado!

EU SOU mais popular que eu mesmo. Prova disso é que, em seis meses, meu site ultrapassou em número de visitas meu outro site, que já tem mais de um ano e meio. Nunca pensei que faria concorrência comigo mesmo. E ganharia, ainda por cima. Ou perderia. Sei lá.

It's a small world after all

O MUNDO É COMPROVADAMENTE PEQUENO quando a colega de trabalho do seu ex-colega de escola é mulher do ex-marido da filha do irmão da sua avó.

Can you feel it?

EU PUBLIQUEI aqui outro dia um epitáfio para o Brasil. Mas vocês não estão sentindo um ar diferente? Prenderam o Paulo Maluf. Não concederam habeas corpus. A sociedade, que antes era resignada, começa a tomar uma postura vigilante. Todo mundo acompanha todo dia as novas da crise política. Ninguém está muito disposto a perdoar. Poderia ser o início de um novo país?

Gosto de nutrir esperanças. Sou, apesar de tudo, um patriota.

E, de toda forma, Lula está cumprindo sua principal promessa. O mote de sua campanha não era o de que a "Grande Mudança" estava chegando? Então. Ironia que a "Grande Mudança" comece pela demolição do governo dele.

Milagre! Milagre!

NÃO ME PERGUNTE como ou por que razão, mas meu livro saltou da 31ª colocação para a 2ª colocação de sábado para domingo na lista de mais vendidos de ciências exatas da Livraria Saraiva. Manteve o posto na segunda-feira. De uma tacada só, ele ultrapassou Carl Sagan, Marcelo Gleiser e todos os outros. É tão bom que não dá para acreditar no resultado.

Vai entender. De que serve um índice em que você só acredita quando ele aponta as más notícias?

Sabedoria de Paulo Autuori

EM DIA de derrota:
- Vamos galgar parâmetros...

Em dia de vitória:
Futebol... é um esporte coletivo terrestre.

Estatuto da criança, do adolescente e do jornalista da Folha

1. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de escrever "toda" para crianças, adolescentes e jornalistas, sem prejuízo de ser contabilizado pelo controle de erros.

2. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de trabalhar de graça para um subproduto do jornal, contanto que peça autorização de todos os seus superiores na longa hierarquia paramilitar da organização.

3. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de perder sua fé nas avaliações bimestrais e preenchê-las com a maior displicência possível.

4. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de desconsiderar boa parte do que lhe é dito como mera formalidade do establishment, padrões que em nada afetam sua produtividade ou competência.

5. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de exercer ao máximo sua capacidade produtiva, contanto que jamais se torne famoso ou caro demais para a empresa.

6. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem direito a um advogado. Tudo que ela disser pode e será usado contra ela num tribunal.

7. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de ser julgada por um tribunal militar, de preferência da época em que os militares eram a chefia suprema do país.

8. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de ser advertida pelos seus superiores, especialmente se tiver razão.

9. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de chegar em casa, abrir a janela e gritar bem alto: VÃO TODOS PARA O RAIO QUE OS PARTA!

10. Toda criança, adolescente ou jornalista da Folha tem o direito de trabalhar no feriado.

O grande dilema

FICO entre o que eu quero e o que eu não queria querer.

Relembrando as velhas aulas de redação

Introdução

"Enfim, hoje é sexta-feira e estou com vontade de mandar todo mundo pra puta que o pariu! AÊÊÊ!!!"

Desenvolvimento

"Pelos meus cálculos, o número de leitores no Brasil é de cerca de 5.000."

Conclusão

Do Orkut: "Você terá uma velhice muito confortável."

Caput.

O espetáculo do improvável

OK, vamos lá. Histórias de cronópios e de famas é o nome do livro. Produto quântico, sem dúvida. Cheio de incertezas, misterioso, por vezes incompreensível, mas por isso mesmo fascinante. Até os detalhes parecem se encaixar para criar um cenário bizarro e viciante.

O autor é Julio Cortázar, escritor argentino. A edição é da editora Civilização Brasileira. Go figure... Seja qual for a língua, esse sujeito deve ser um dos caras mais citáveis da literatura latino-americana. Ainda estou a meio caminho do final, mas já posso dizer o que encontrei.

- Senhor do Tempo: não é uma pessoa que ganha um relógio; é o relógio que ganha a pessoa, se apoderando completamente dela;

- Projeto de feira de ciências: dar um nó num cabelo e deixá-lo escorrer pelo ralo. Depois metodicamente quebrar o sistema hidráulico para localizá-lo;

- Como roubar um velório: família vai enterrar defunto do vizinho e chora mais que os parentes do morto, até dominar completamente a situação;

- E se...?: um mundo em que a internet (i.e. textos eletrônicos) não existe (o texto original é de 1964, não é à toa que o mundo retratado não mostra a internet). Pessoas se afogam em tanto papel

Esse último caso talvez seja especialmente interessante. Cortázar faz uma predição: a de que os homens precisam expandir sua produção cultural (em geral ampliando o lixo, segundo a concepção dele). Por outro lado, não vê saída tecnológica para o problema. De certa maneira, sua observação faz crer que foi o crescimento da produção cultural que forçou o surgimento de uma solução (a internet e os meios eletrônicos), mas não o contrário. Ou seja, a internet não é culpada pelo excesso de lixo informativo que recebemos. Ela é apenas um reflexo da necessidade humana, já predita antes da tecnologia, de produzir mais e mais lixo letrado. Ou não. Só um pensamento.

E chega por hoje, né?