Psicodiafanógenos

Indignação, sim; não no fechamento

ESTOU AQUI, na minha, quietinho, fechando duas páginas de Ciência, quando toca o telefone. É uma leitora. Queria reclamar. Reclamar muito. Não do jornal. Do país mesmo. Do Lula.

- Porque esse filho da PUTA... eu votei NELE... eu acreditei NELE... porque ele já foi POBRE... e agora fica falando essas MENTIRAS... É MENTIRA!!! É TUDO MENTIRA!!! Esse Lula do CARALHO...

A mulher esbravejava. Estava indignada.

- Daqui a pouco eu vou para BRASÍLIA... vou dizer umas VERDADES... nem que tenham que me dar um tiro na CARA... eu vou armar um BARRACO...

E eu continuei ouvindo.

- Porque esse PAÍS... hoje em dia, você vê meninas de DEZ ANOS... GRÁVIDAS!!! Eu fiz sexo pela primeira vez quando tinha TREZE... hoje tenho CINQÜENTA E UM... mas eu sabia o que estava FAZENDO! Não fiquei GRÁVIDA... Agora, meninas de DEZ ANOS...

E eu ouvi mais um pouco.

- As pessoas na MISÉRIA... e esse LULA... filho da PUTA!!!

E eu ouvi.

- Porque alguém tem que falar alguma COISA... ninguém fala NADA... porque eu tenho coragem de FALAR... eu sou atriz de TEATRO... e na televisão ninguém fala NADA... por que ninguém fala NADA? Por isso eu não gosto de fazer TELEVISÃO... Já fiz duas vezes, mas não GOSTO...

E ouvi.

- Porque esse filho da PUTA... eu votei NELE... e agora fica falando essas MENTIRAS... FILHO DA PUTA...

E por aí ia. Depois de uns dez ou quinze minutos, antes que a mulher tivesse um ataque cardíaco, e eu perdesse a paciência com a (justa) indignação, resolvi dar uma sugestão.

- Por que você não escreve uma carta para o Painel do Leitor?

Quem diria, deu certo. Depois da segunda ou terceira vez que sugeri, pelo menos.

Muitos pensamentos

TANTOS, na verdade, em tão pouco tempo, que serão poucos os que conseguirei puxar pelo rabo e colocar aqui.

A velha empreitada

ESTÁ difícil relaxar depois do lançamento do meu livro. Provoca uma ansiedade danada, ver se ele está causando boa repercussão, tentar descobrir se ele está vendendo, coisa do tipo. Angústia talvez seja a melhor palavra. Tenho dificuldade em esperar os resultados, considerando minha rotina de "um leão por dia". Mas vou sobreviver. Dia 10 tem noite de autógrafos. Vamos ver.

A nova empreitada

FINALMENTE pus para dormir o último dos dois Albertos que tanto trabalho me deram no início deste 2005. Agora é só cruzar os dedos.

Repercussão pré-venda

"Isso daria um filme."
-- Paulo Cesar Ceglia

"Esse aí vai ser best-seller."
-- Alcino Leite Neto

We'll see, fellows, we'll see...

Blast off!

TIME to go to Mars, baby.

When I'm sixty-four

IMPOSSÍVEL não pensar na música dos Beatles. Eu e fofuxa, fim de noite em casa. Ela, tricotando. Eu, lendo. Silêncio absoluto. Nada de TV. Quantos anos eu tenho, afinal?!

The turtle is away

The little turtle
Has left the building
I feel so empty
Something is missing

She crossed the sea
Never to return
She left my heart
To break and burn

And I called her, I reached for her
She's too far to hear, and to care
My dear little turtle, how dare?
As I make my dreams come true

They turn into knightmares
Solely because I miss you
As your friend beetle would say
P.S.: I love you

O Bozo volta já, já...

DESCULPE a ausência recente. Prometo retornar em breve.
A propósito, você já comprou o meu livro? :-P

And so it begins

MEU LIVRO começou a ser vendido on-line pela Livraria Cultura. Para adquiri-lo, basta clicar aqui.

Glory land

ONTEM, após 11 anos de espera, o São Paulo Futebol Clube sagrou-se tricampeão da Libertadores da América. Agora, irá disputar no final do ano o Mundial, no Japão. Não posso evitar pensar que eu fui campeão, junto com o time. O que eu passei durante este campeonato, para poder ir aos jogos, um após o outro, foi muito mais do que qualquer um poderia supor. Não porque tive de vê-los sozinho. Não porque tive de recorrer a cambistas. Não porque tive de sentar em lugares menos privilegiados do estádio. Não porque tive de caminhar até o estádio em todas as partidas. Mas porque a solidão implica ausência, e as ausências são sentidas.

Campeão, sim.

Closer than we are used to think

Entrando no elevador da Folha, anteontem, vejo dois caras conversando.
- A Discovery já foi lançada?
- Parece que cancelaram.
Pensei eu: os caras estão falando da revista do Discovery Channel, que foi recentemente fechada.
- Não era hoje à tarde?
- Era ontem à tarde.
- Será?
Aí caiu a ficha. Era do ônibus espacial que eles estavam falando. Sim, há alguém que se importa --a ponto de querer acompanhar o lançamento-- com o ônibus espacial. Grata surpresa.

Erramos

EU disse que o livro chega 26 anos depois da Apollo 11. Errei, o certo é 36 anos. 26 anos atrás (26,3, para ser exato), fui eu que cheguei. Não à Lua, claro. À Terra mesmo.

O muito bom fica melhor

E NÃO é que a Nature pretende até mesmo me *pagar* para publicar meu conto?!

Tudo que vocês queriam saber

OU, pelo menos, tudo que eu acho que vocês queriam saber.

Rumo ao infinito chega às livrarias no auspicioso dia 20 de julho, mesma data em que, 26 anos atrás, Neil Armstrong e Buzz Aldrin se tornavam os primeiros homens a caminhar sobre a Lua.

A noite de autógrafos acontece no dia 10 de agosto, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista.

E essas nem foram as melhores notícias do dia.

A melhor notícia do dia

A MAIOR, MELHOR E MAIS TRADICIONAL revista científica do mundo, Nature, vai publicar um conto de ficção científica meu. 'Nuff said.

E por falar em FODs

COMPREI meu ingresso hoje para a final da Libertadores. De cambista. R$ 150. Sem comentários.

FODs

UMA das grandes preocupações da NASA nos trabalhos de retomada dos vôos dos ônibus espaciais era a definição e os riscos ligados a FODs. Foreign Object Debris. Mais de dois anos após o acidente com o Columbia, a NASA não podia estar mais satisfeita com o trabalho de FODs. "A eficiência do novo programa de FOD é avaliada por um conjunto de medidas destinadas a apontar melhorias."

Yin

CHEGOU. Um envelope remetido pela Editora Globo, marrom. Estava em cima da mesa da sala quando eu acordei. Claramente era um livro dentro. Abri. Um livro. O *meu* livro. Sim, eu sou a primeira pessoa a *ter* o meu livro, impresso, cheiroso, bonito. Dois cadernos de fotos. 448 páginas. Coisa linda. Calma, você logo logo poderá ter o seu. Até o final do mês, no máximo. Standy by.

Yang

MEU IRMÃO hoje confirma o que já era esperado: não tem ingresso para eu ir ver a final. Vou ter de comprar de cambista, se conseguir. Sem comentários. Tudo bem, eu não sou mais o irmão mais velho da família, mas eu *ainda* sou mais velho que ele. Eu deveria ter algum direito. E tenho. Tenho o direito de ficar calado. Tudo que eu disser pode e será usado contra mim no tribunal. Eu tenho direito a um advogado.

- NÃO! Um advogado, não! Tudo menos isso! Piedade! Piedade!

Bomba-relógio

Estou com uma sensação muito esquisita. Como se prestes a explodir. Não, não é de tanto comer. A sensação é mais a de que vou acabar fazendo uma coisa muito radical. Não, não sei o que é. Aliás, não sei de nada. Só sei que é muito esquisito. Estou insatisfeito, incomodado, pressionado, frustrado. Por algum lugar isso precisa sair. Não, não vai sair de onde você pensou. Rá, rá, rá. Muito engraçado. Enfim, precisa sair. Uma válvula. Preciso de uma válvula. E coisas que não têm válvula, quando a pressão sobe, explodem. Por falar em explosão, viram que coisa horrível, em Londres? Fiquei muito chateado. Não, chateado é pouco. Fiquei sem ação. Ferido, na verdade. Esses malditos terroristas. Não podem deixar as pessoas em paz? Dizem-me que não é a pior desgraça do ano, sequer a pior desgraça do mês. Isso não faz me sentir nem um pouco melhor. "This is to say... I'm OK", é o que eu recebi. Mas não é só isso. É a sensação de que o mundo não é como deveria ser. As coisas não estão onde deveriam. Está tudo errado. Uma válvula. Uma válvula. Coisas sem válvulas de escape explodem. Explodem. Explodem.

Tudo sob controle

É INCRÍVEL como algumas pessoas têm o rei na barriga. Nada demonstram, mas insistem que são o máximo, que tudo está bem, que tudo está sob controle. Agem como se estivessem destinadas à grandeza. Não sabem que a grandeza se conquista -- e não é coisa rápida, leva tempo e esforço. Consideram o atraso permanente efêmero, e o sucesso efêmero, constante. Tudo errado.

E ai de você dizer isso a elas.