PsicodiafanógenosEsforços experimentais fúteis na tentativa de contornar o Princípio da Incerteza |
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domingo, janeiro 02, 2005
Flat in the face
Muita gente se sentiu incomodada e sofreu pela tragédia na Ásia, que teve pelo menos uns 150 mil mortos. Minha mãe é uma que vive chorando ao ver o noticiário. Alguns, num misto de indignação e frustração, ironizaram. Segundo um amigo, "já dizia o filósofo: pobre tem mais é que se foder". Eu, por minha vez, encarei a coisa toda com uma estranha serenidade. Por mais sofrimento que ele tenha significado, o terremoto/maremoto mostrou, da forma mais clara possível, algo em que acredito piamente: não temos amigos lá fora. Quando digo isso, o faço em dois contextos distintos. Primeiro, na esfera divina. Como acreditar em Deus depois de uma catástrofe dessas? Não digo que seja impossível; muito pelo contrário, respeito quem considera plausível a idéia de Deus. Mas, caso ele exista, já não é mais viável acreditar que Ele dê alguma bola para as nossas vidas, individualmente. Se Deus existe, Ele está provavelmente ocupado pensando no grande esquema das coisas, na grandiosidade de sua infinita Criação. Nela, convenhamos, o homem é apenas um acidente de percurso --um animal que, via evolução por seleção natural, calhou de ter consciência--, no terceiro planeta de uma estrela medíocre, em meio a 200 bilhões de estrelas medíocres, numa galáxia medíocre, em meio a centenas de bilhões de galáxias medíocres. A evidência é irrefutável: Deus não está nem aí para nós. O segundo contexto é o dos que gosto de chamar de ecoxiitas. Esse papo de "vamos preservar a Natureza" é bem perigoso. Vamos preservá-la sim, mas apenas quando isso nos trouxer benefício. Proteger a Natureza simplesmente pelo que ela é, além de não fazer nenhum sentido (já que ela é algo dinâmico per se, "impreservável", em que a todo momento espécies biológicas estão aparecendo e desaparecendo, estrelas estão nascendo e morrendo, planetas se formando, se destruindo, tornando-se habitáveis e inabitáveis), pode ser simplesmente um modo de alimentar o que pode ser a nossa derrocada no futuro. Eu pergunto: o que a Natureza fez por nós até hoje? Claro, não podemos dizer que ela é totalmente hostil. Só sobrevivemos por nossa inserção na cadeia alimentar, e devemos nossa existência à hospitalidade do planeta Terra --sem dúvida o melhor lugar para se morar num raio de pelo menos alguns anos-luz. Mas o último terremoto/maremoto é a prova de que até a hospitalidade da Terra tem limites, num Universo sempre propenso a catástrofes de dimensões gigantescas. Moral da história: a Natureza não gosta de nós mais do que gostava dos dinossauros. O mesmo pode-se dizer de Deus, isso caso Ele esteja mesmo por aí. São os fatos, goste ou não. Diante disso, o que nos resta? Chorar, se encolher num canto e lamentar a existência miserável e contingente? Não! Somos inteligentes, capazes e ilimitados. O dia em que os humanos perceberem que os inimigos a serem vencidos não são outros homens, mas sim a resignação religiosa e os desafios implacáveis da Natureza, estaremos prontos para seguir em frente. Um grande vilão dos últimos tempos tem sido Osama bin Laden. Um cara que se orgulha de um plano malévolo que matou mais de 3.000 americanos de uma tacada só, seqüestrando aviões a atirando-os contra arranha-céus. Outro vilão terrível para o mundo é George W. Bush, homem que, entre outras coisas, iniciou uma guerra que "preventivamente" matou cerca de cem mil pessoas até agora, segundo estimativas de um estudo publicado no journal "The Lancet". Meros aprendizes. Num domingo festivo, o chão se ergueu sob as águas do oceano Índico. Em algumas horas, pelo menos 100 mil pessoas estavam mortas. A contagem final pode chegar aos 200 mil. Sem falar no sofrimento que ainda causará nos sobreviventes. Isso sim é trabalho de profissional. E não gosto nem de falar no que um asteróide poderia fazer. Deixo isso para os amigos dinos. Espero que nosso destino seja melhor que o deles. Mas não conte com a Providência.
Pitacos:
É o seguinte, cara: sua argumentação está toda furada. Quem aprontou essa sacanagem lá no Índico foi um cara vermelho chamado Satanás. Não adianta querer usar o maremoto para negar a existência de nosso Pai todo poderoso - ou de sua benevolência. Esse papinho todo já tinha rolado depois do terremoto de Lisboa, mas ficou na cara que o Mal é a raiz de todo mal.
Concordo plenamente com seu comentário. É uma pena quando perdemos a fé (ou nunca a tivemos)... Creio em Deus!!!
É como eu sempre digo. No dia que a humanidade sair da adolescência e passar para a fase adulta, nós vamos fazer exatamente como os adultos fazem... vamos ver nosso criador como um amigo... nada mais, e seguiremos nossas vidas rumo a um futuro longe de tanta ignorância.
Vc realmente acha q se Deus existe, Ele deveria fazer algo para evitar o maremoto? Vc gosta de fazer Deus parecer um cara mal, q não está nem aí para nós. A verdade é que nós não estamos nem aí pra Ele. Se eu fosse Deus, com esse tratamento todo q damos a Ele, também, não ia estar nem aí. Sei lá, não acho que devemos misturar a força da natureza, com a vontade de Deus.
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