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Você é o visitante

"Life is what happens while you're busy making other plans."
John Lennon



segunda-feira, maio 30, 2005

 
Eu e meus Albertos

OS DOIS estão me dando trabalho desde o início do ano. Admiro ambos imensamente. Um está morto há meio século. O outro há setenta e cinco anos. De um deles eu me livro hoje. Or so I think. O outro, ainda precisarei de alguns meses. Or so I think.



sexta-feira, maio 27, 2005

 
Silêncio saudoso

Sinto saudades do que tive
Peso que vive, resiste
Consome, suporta, assiste
Na dor de um cativo livre

Saudades do que não tive
Que me conduziu a pensar
Que de tanto te imaginar
Materializar-te-ia para mim

E do que acho que tive
Fé de uma bênção sublime
Do tipo que perdoa, redime
Ilusão de uma vida passada

Se me amaste, por que não dissera?
Se perdoaste, por que não contara?
Se me odiaste, por que não avançara?
Se me feriste, por que não correste?

Não é porque escondo
Que quero ser esquecido
Não é porque fujo
Que quero ser ignorado

Como toda gente
Só quero poder sentir
No silêncio da minha alma
Saudades do que tive
Do que acho que tive
E do que não tive



quinta-feira, maio 26, 2005

 
CTRL+ALT+DEL

OLHO para trás, não muito para trás, na verdade, e penso em quantas coisas eu gostaria de "resetar". Não pense você que estou com desejos mórbidos, porque não é nada disso. Falo de coisas menores, dessas coisas que fazem a vida ter algum sentido. Amigos por exemplo.

De uns tempos para cá, sinto que perdi um amigo. Eu gosto do cara. Gosto mesmo. Cinco anos atrás, nós éramos cumpadres, chapinhas. Saíamos juntos para tomar cerveja e lamentar as chatices da vida. Éramos dois rebeldes, numa terra de caretas. Era muito legal. Ele já me colocou em várias encrencas, já me tirou de outras tantas, salvou a minha pele um sem-número de vezes, era meu amigo.

Mas a roda gigante da vida é esquisita e, às vezes, acaba deixando cada um numa estação diferente. As coisas não são mais como eram. Hoje, nem poderiam. A trajetória de cada um nos enviou para rumos distintos. Nem discuto qual é o melhor dos rumos, não é esse o meu propósito. Só digo que gostaria de não ter perdido a essência do que nos unia antes. Um senso de identificação com o outro, de respeito mútuo.

Ele não existe mais. Sinto-me ignorado. Sou tratado como uma criança. É verdade que às vezes me comporto como uma, então talvez eu mereça. De todo modo, neste momento, eu só gostaria que cessassem as hostilidades. Não posso ter um amigo, tudo bem. Mas que pelo menos deixemos de ser inimigos, já está bom para mim.

Infelizmente, a vida não tem CTRL+ALT+DEL.



quarta-feira, maio 25, 2005

 
Uma discussão séria

DE UM sábio amigo meu, numa compenetrada discussão sobre determinismos, Richard Dawkins e seu livro "O Gene Egoísta":

Agora eu acho que a realidade social da Gisele Bündchen ser uma gostosa ter a ver com genes muito egoístas, que não se espalharam pelo conjunto do genoma feminino.

Ditto.

Dá-lhe Tricolor!!!

AMANHÃ é feriado. Porcus Thristi.



terça-feira, maio 24, 2005

 
Diagnóstico errado

IMPOSSÍVEL, galera, eu ter essa doença de rico. Todos os exames mostram que eu não tenho um puto no bolso.



quinta-feira, maio 19, 2005

 
Reflexos e reflexões

NA AURORA do meu maior sucesso, sinto-me muito estranho. Para começar, doente. Mas não doente do tipo "gripado", ou mesmo "com pneumonia". A doença é de caráter não-identificado. Os sintomas são repentinos e altamente desagradáveis.

Estou deitado, cabeça no travesseiro, e no momento seguinte o mundo inteiro está girando. Fecho os olhos, tentando combater a sensação. Penso, "estou parado". Não adianta. Abro os olhos, tento fixar a visão em algum ponto no teto, eliminar a ilusão de movimento. Não adianta. Se ergo a cabeça, pouco que seja, para beber água, a tontura se torna quase insuportável. De novo, tento combatê-la racionalmente, ignorá-la, me concentrar, lutar contra ela, na esperança de que ela desista e me deixe. Não funciona. Enquanto combato a tontura, percebo que minha respiração está ofegante. Quando me dou conta, tenho a sensação de que o ar parece querer fugir de mim, daí a resposta automática do meu corpo. Noto que minha testa está ensopada de suor. Frio. Ao mesmo tempo, sinto calor. Preciso de vento. Isso dura por 20 minutos, talvez 30, e então pára. Ontem, só parou quando eu consegui dormir.

Da primeira vez que aconteceu, foi bem rápido. Em questão de segundos, eu já estava recuperado -- como um pesadelo do qual logo se acorda. Da segunda, eu tive medo. Pus a casa inteira em estado de alerta. Todos me intimaram a ir ao médico; eu, teimoso como uma mula, recusei, desconversei. Ontem, justo quando achei que nunca mais ia acontecer, o pesadelo voltou. Tentei não apavorar a todos, como acontecera da outra vez. Mas temi que desta vez não fosse mais acordar. Amanhã eu vou ao médico. Como disse, estou doente. Só não sei o que é.

Não consigo evitar o pensamento de que talvez esteja aí a razão para toda a minha energia profissional. Sempre procurei me envolver em oitocentos projetos ao mesmo tempo, e, diante da impossibilidade de dedicar minha atenção a mil e duzentos, fiz algumas escolhas. Muitas delas são rotineiramente criticadas pelas pessoas à minha volta. "Você não teme pelo futuro?", elas perguntam. E eu agora penso: E se não houver futuro?

E se minha energia fosse só o reflexo da pressa? E se as minhas escolhas foram as mais acertadas, por que de algum modo eu sabia que não teria muito tempo para fazer o que eu tinha de fazer? Mesmo me sentindo mal, eu continuo trabalhando em oitocentas coisas ao mesmo tempo. A sensação é o imperativo de que "tenho de terminar". Por que a pressa? Talvez haja um motivo.

Ou talvez eu seja só uma criatura melodramática, como muitas pessoas já me disseram antes. Pessimista? Não. Temeroso? Talvez. Deprimido? Quem sabe? Só sei que sempre tive a determinação de deixar a minha marca. De não permitir que a minha vida fosse em vão. Espero ter tempo suficiente para fazer isso.

Até amanhã.



terça-feira, maio 17, 2005

 
Sem querer ser chato

DE NOVO, qual desses você prefere?

O fígado pode fazer o papel do pâncreas em certos casos. É o que sugere uma pesquisa realizada em Israel. Os cientistas conseguiram, em laboratório, converter células hepáticas em produtoras de insulina, e acreditam que a técnica possa futuramente ser usada no combate ao diabetes tipo 1.

O fígado de hoje é o pâncreas de amanhã. Em síntese, é o que sugere uma pesquisa realizada em Israel. Os cientistas conseguiram, em laboratório, converter células hepáticas em produtoras de insulina, e acreditam que a técnica possa futuramente ser usada no combate ao diabetes tipo 1.



segunda-feira, maio 16, 2005

 
Esbudegol de ReleasolTM

FORTEMENTE recomendado para casos de números hypados da indústria farmacêuticas para defender a eficácia de medicamentos ainda em fase de teste e aprovação para o mercado, Esbudegol de ReleasolTM pode ser usado contra uma infinidade de estudos maliciosos. Em testes de laboratório, Esbudegol de ReleasolTM fez uma vacina que antes aumentava em 57% a chance de indivíduos com alta resposta imune pararem de fumar passar a representar um ganho de apenas 10% na chance de sucesso na interrupção do hábito tabagista, comparado ao efeito obtido com uma pílula de farinha.

Só mais uma coisinha

VI a primeira prova do inominável. Emocionante.



quinta-feira, maio 12, 2005

 
Dias de Trovão

O QUE fazer se uma pessoa, a despeito do seu genuíno interesse em saber o que há errado e querer ajudar, insiste em maltratar você e em dizer que não há problema nenhum, e terminar pedindo que você a deixe em paz?

História anglo-americana

FICA para uma próxima ocasião, em razão do mau tempo.



segunda-feira, maio 09, 2005

 
O retorno

EU SEI que vocês não estão tão interessados, mas a contagem regressiva continua.

Acho que estamos nos finalmentes. Recebemos as opções de capa, estamos fechando em uma, depois de algumas indicações do Noro. Quando ela estiver pronta, te envio. O livro está na última revisão. Antes da impressão, vc aprova o material. E, sobre o caderno de fotos, estamos com alguns problemas de resolução (!!!), mas devemos resolver isso nos próximos dias. É rapaz, equipe muito pequena... um livro têm pequenos detalhes que acabam dando um belo problema!



quinta-feira, maio 05, 2005

 
Reminiscência

UMA VEZ, enquanto cursava o ginásio, fui chamado para "conversar" com a diretora. Não teria sido a primeira vez, tampouco a última. Mas foi uma vez de que me lembro bem, ao contrário da imensa maioria das outras. O "assunto" era o meu desempenho escolar, incompatível com a minha conduta. Dizia ela: "Você mata aulas, diz que não precisa delas, sempre manifesta sua auto-confiança, conversa em classe, não faz lições de casa. Disso, eu deveria imaginar que você está mantendo um desempenho excepcional, que você não precisa dos professores, que você é um gênio. Mas não é isso que vemos em suas notas. Cinco, seis, cinco... essas são as notas de um aluno medíocre. O gênio só você vê. O que eu vejo é um aluno medíocre".

Talvez eu ainda me lembre disso até hoje porque, embora as circunstâncias tenham mudado, o conteúdo permanece atual.

Como funcionam os profetas

ESSA lembrança evocou uma outra, da mesma diretora, de um episódio ocorrido depois que saí do colégio. Já estava até trabalhando no jornal. Ela virou para mim e disse: "É bom você tirar logo o seu brevê". Eu achei aquilo esquisito à beça.

- Brevê? Como assim, brevê? De piloto?
- É, é...
- Por quê?
- Ah, você vai precisar...

Até outro dia, minha interpretação para tudo isso era de que ela estava apenas tentando encontrar um meio de dizer que achava (ou predizia) que eu viajaria muito no futuro próximo. Agora, ocorre-me que a interpretação pode ser outra, muito mais profunda e interessante.

Para você ver como gente maluca às vezes sobe na nossa reputação sem contar com nenhuma ajuda, exceto à da mera passagem do tempo.



terça-feira, maio 03, 2005

 
Decadência

PENSANDO nos meus primeiros psicodiafanógenos, vejo que este espaço anda totalmente decadente. Já houve um tempo em que eu me dispunha a até mesmo pensar no que ia escrever, antes de escrever. Escrevi poemas, publiquei desenhos.

Agora, pareço monotemático. Meu livro. Meu livro. Meu livro. Pode falar, você não agüenta mais ouvir falar nisso. Eu sei. Até mesmo meu editor deve ter medo de me mandar e-mails, temendo uma avalanche de perguntas junto com a resposta. Peço desculpas. Mas publicar livro dá frio na barriga.

Hoje, por exemplo. Descobri que, entre estar tudo pronto e o livro sair da gráfica, passam-se uns 25 dias. Ou seja, para sair até o fim de junho, ele precisa ficar bonitinho até o final de maio. Resta menos de um mês, portanto. Ainda falta definir a capa, terminar a revisão final e a minha revisão da revisão final. Será que vai dar tempo? Temo que acabe ficando pra julho.

Aí vem a dúvida. Será que isso é bom? Na minha opinião, é péssimo. Julho, mês de férias, todo mundo vai viajar, ninguém fica em São Paulo para comprar livros. É verdade, as pessoas lêem nas férias, mas lêem o que compraram em junho, não em julho. Em julho só se compra carvão para o churrasco (ou lenha para a lareira). E olhe lá.

Eu sei, você já está cansado de ouvir falar neste livro. Então que tal falarmos do próximo? Já estou na metade. Agora, de posse do conhecimento de quanto um livro leva para ser lançado, depois de escrito, corro mais do que nunca. Ele tem um deadline para sair. Agosto de 2006. Será que vai dar? Faço o que posso, mas não mais.

Perdão, leitor, perdão. Juro que agora eu parei. Ao menos até amanhã. Ou até meu editor me escrever novamente.



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