PsicodiafanógenosEsforços experimentais fúteis na tentativa de contornar o Princípio da Incerteza |
|
"Life is what happens while you're busy making other plans." John Lennon | ||
sexta-feira, junho 25, 2004
Esforço terapêutico
POR DOIS DIAS tenho pensado muito sobre o que escrever aqui a respeito da viagem que acabei de fazer. Apesar de já ter tido algumas boas idéias, alguma coisa inexplicável estava me impedindo de colocá-las no ciberpapel. Achei que seria um bom método para afastar essa neura abrir justamente com essa informação. Síndrome de abstinência MINHA AUSÊNCIA nos últimos dias é justificada. Entre os dias 19 e 24, só consegui acesso à internet por uns dez minutos --o que deu para escrever uns dois e-mails e olhe lá. Para quem está acostumado a uma vida wired, confesso (shame on me) que foi bem difícil lidar com a desconexão. Explorando novos mundos KÖLN (Colônia) é uma cidade muito bonita, com uma história de mais de 2.000 anos. Foi fundada pelo Império Romano e ainda hoje há alguns vestígios disso pela cidade. E o maior atrativo é sem dúvida sua catedral, cuja construção em estilo gótico foi iniciada em meados de 1200 e só foi concluída no século 19. É um prédio de 150 metros de altura, maravilhoso. Vida noturna BEM, PROCURAR a vida noturna em Köln exige primeiro que você encontre a noite. Por esses dias, o Sol só se põe lá pelas 22h30, o que me deixou meio desnorteado. E os bares ficam cheios mais ou menos até essa hora, quando termina a transmissão da Eurocopa e todo mundo vai embora para casa. Logo, a vida noturna da cidade, ao menos às segundas e terças-feiras (e nos lugares em que estive), não é lá essas coisas. Quanto a Leverkusen, a história é bem outra. Lá não há vida at all. Se é Bayer, é bom? POUCAS COISAS são tão chatas quanto palestras intermináveis de conteúdo institucional destinadas a convencer você de que uma indústria farmacêutica é na verdade muito boazinha e seus funcionários são uma big good happy family. Cena inusitada em Köln ANDANDO pela rua, eu e uma colega jornalista, passamos por uma porta com um vidro fosco que não permitia ver nada além de um vulto do outro lado. Ao nos ver passar, a pessoa do outro lado grita e nos chama. Claramente ela está presa do lado de dentro. Ao nos aproximarmos, ela abre a portinhola da correspondência, na parte de baixo da porta, e começa a falar. - Haydenbungenzeinztreinzbundesbungen... - Well, maybe you should try English. We don't speak German. - Hummm... phone... card... get... 20 meter... left... I could call... O rapaz enfia um cartão telefônico pelo buraco. - What? You want me to go over there and put credit into this card for you to call? - Yes, yes... 20 meter... left. - Okay, gimme the money. O cara entrega o cartão e cinco euros e nós iniciamos nossa caça ao "20 meter left". Cerca de 20 metros depois, uma pequena loja com um grande celular inflável amarelo na porta. I guess we're on the right track. Abordamos o funcionário da loja, entregando-lhe os cinco euros e o cartão. - Hi. Do you speak English? - A bit. - Well, we need to put some credit into this card. The guy looks puzzled. - Look, we were just passing and some guys handled us this card and this money and asked us to do something with it over here... - Ah, well, you can't put credit into this card. Maybe they want you to buy another one. - Yes, that is it. Thank you. Voltamos lá e entregamos o novo cartão ao vulto na porta, de novo pela portinhola. O resto era com ele. A bebida local SIM, os alemães são justamente conhecidos por seu hábito de beber muita cerveja. Perdem apenas para a delegação de jornalistas chineses que estava nos acompanhando lá. Quanto à qualidade da cerveja, pode variar da muito boa à feita com água de esgoto da Bayer. E, ao que parece, cada região da Alemanha tem suas próprias cervejas. Em Köln, recomendo a Gaffel. Sobrevivência em alemão JÁ SEI tudo que preciso nessa língua. "Ein bier, bitte." Os perigos do vocabulário limitado ou Cena constrangedora em Köln AINDA à procura da vida noturna, acabei não dando muita conta de quão rápido eu estava esvaziando meus copos de cerveja. De repente, sem aviso, num bar semi-underground de Köln, o mundo começou a girar. Cada vez mais depressa. Eu estava sentado, segurando a cabeça com as duas mãos, apoiado na mesa. Reclimei-me sobre ela. Acordei cerca de uma hora depois. Oops. DISCLAIMER: That has never happened before. Perseguição QUAL É a probabilidade de o único jornalista colombiano do grupo torcer para uma equipe obscura chamada Once Caldas? Só a título de curiosidade... Pé de chumbo NAS ESTRADAS alemãs, a velocidade média dos automóveis é cerca de 160 km/h. No caso do nosso motorista, 170 km/h. Não é à toa que dizem que tudo na Europa fica perto. Obrigado por voar pela Air France O AEROMOÇO oferece duas opções para o jantar, carne ou peixe. A mulher ao meu lado pede peixe, mas vem carne. Ela reclama e o aeromoço troca o prato dela. E aí vem um ravioli. Go figure. Home, sweet home CONSEGUI ser mais maltratado em 15 minutos de alfândega na volta ao Brasil do que em quatro dias na Europa, sem falar a língua local. - Pois não? - A moça ali disse que eu tinha que mostrar esse notebook para você. Ele é brasileiro, foi comprado no Brasil. Veja, é da Itautec. E nem é meu. É da Folha. Eu trabalho para a Folha. Viajei a trabalho... - Olha, não me interessa de quem é, não me importa para quem você trabalha. Você sempre tem de declarar, senão ele fica retido e exige pagamento de imposto. - Mesmo se ele for brasileiro?! - Não, se ele for brasileiro, não. Mas não me interessa de quem ele é ou se você trabalha para a Folha ou para quem quer que seja... Detalhe: isso depois de 15 horas de viagem. Welcome back, pal. |