PsicodiafanógenosEsforços experimentais fúteis na tentativa de contornar o Princípio da Incerteza |
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"Life is what happens while you're busy making other plans." John Lennon | ||
segunda-feira, abril 26, 2004
Fim do período de negação
Eu sei, é difícil admitir, mas preciso encarar a realidade. Não tenho sorte com carros. Achei que comprar um novinho em folha resolveria, mas não foi o caso. Já há um mês escondo uma coisa de você. Sabe o ar-condicionado do meu carro, aquele que encareceu em cerca de mil reais o custo da compra? Pois é. Parou de funcionar. Eu sei, eu sei, está na garantia, eu preciso ir até a concessionária para arrumar. Mas não posso me dar ao luxo de ficar sem carro. Posso? Ter de é poder Sábado, 11h da madrugada, e eu na rua. Uma freada brusca, mas não absurda, do carro à frente. Com precisão cirúrgica, desacelero meu veículo, sem cantar pneus, aproximando-o ao máximo do pára-choque do carro à frente. Uma parada perfeita, dando o maior tempo possível para quem vem atrás reagir. Dois ou três segundos depois, um barulho de lata de refrigerante sendo esmagada, acompanhado por um sacolejo no carro. Bateram em mim. Bateram em MIM! BATERAM EM MIM ÀS 11 HORAS DA MANHÃ DE UM SÁBADO! Num misto de apreensão, tensão e frustração, ameaço ir embora --é o medo de enfrentar problemas. Mas chegou a hora de parar de viver em estado de negação. Penso melhor e desço do carro. Apenas olho para o carro, sem palavras. O sujeito desce também. Antes que eu pudesse dizer algo, ele já vem dizendo: "Calma. Calma. Não tem problema. Eu estava errado. Eu errei. Eu vou pagar. Está aqui o meu cartão, não se preocupe". Peguei o cartão. A batida foi discreta. O carro ficou pouco marcado. Foi leve. Voltei para o carro, mas o dia não foi o mesmo depois disso. Moral da história Estou sem carro de hoje até a tarde de quarta-feira. Séria disrupção da minha vida cotidiana. Como um paulistano motorizado, bicho acostumado a passar *pelo menos* uma hora e meia por dia dentro do carro, pode agüentar três dias sem automóvel? Consolo Pelo menos, pela primeira vez em sete anos de habilitação para dirigir, minha família acreditou que eu não tive culpa no acidente. Ou, na pior das hipóteses, eles fingiram muito bem. Agora voltamos à nossa programação normal. |